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Relatório de visita técnica: Pedra Branca/SC

  • Foto do escritor: Clarissa Ganzer
    Clarissa Ganzer
  • 29 de out. de 2013
  • 3 min de leitura

Atualizado: 25 de fev. de 2021

29.10.2013 “Pedra Branca: Cidade sustentável”. Assim é o slogan de Pedra Banca, que já sugere muito sobre este que - embora seja conhecido como cidade, é um bairro de Palhoça/SC. Pedra Branca, cerca de15 quilômetros de Florianópolis, começou ser concebido em 1997. Ele nasceu da necessidade de instalação do campus da Unisul e do interesse de criar um projeto inovador de urbanismo.

Pois bem, a Cidade Universitária Pedra Branca foi escolhida para ser visitada pelos alunos de Arquitetura e Urbanismo no dia 29 de outubro porque sua proposta baseia-se no urbanismo sustentável, que, na essência de suas intenções, busca a valorização do transeunte, o resgate das relações humanas e a qualidade dos espaços públicos.

Pedra Branca estrutura-se a partir de nove passos: prioridade ao pedestre; uso misto e complementariedade, diversidade de moradores, senso de comunidade; densidade equilibrada; sustentabilidade e alta performance do ambiente construído; espaços públicos atraentes e seguros; harmonia entre natureza e amenidades urbanas; conectividade e integração regional.


Todos os conceitos defendidos (e estudados) em sala de aula, tais como: permeabilidade, segundo Ian Bentley, diversidade, conforme Jane Jacobs, legibilidade de Kevin Lynch, multifocalidade, de Ruben Pesci são parte do desenho urbano e da arquitetura de Pedra Branca (que em 2020, por exemplo, almeja ser “um dos melhores lugares para se viver”, ambiciosos, não?). (Identidade arquitetônica e valorização do pedestre. Fonte da imagem: http://passeiopedrabranca.com.br/)

Ao infiltrar-se no desenho urbano e percorrer parte já construída de Pedra Branca foi possível perceber que a hierarquização da vias, especialmente nas cidades modernas como Brasília - em que os veículos são soberanos em relação ao tecido urbano dedicado aos pedestres, não acontece em Pedra Branca. Lá não há nem diferença de nível entre passeio e via. Os pedestres, portanto, têm mais facilidade de transitar o que, incita a aposentadoria do automóvel e o convívio entre as pessoas. A permeabilidade é resgatada, mesmo sem os pilotis do modernismo da capital federal. O térreo dos edifícios é trabalhado com vidro, transparência que faz com que a relação entre público (via) e privado (edifício) seja muito suave, além de aproximar o privado e público, estimula que os moradores sejam “os olhos da rua” e que esta torne-se menos perigosa, visto que está sendo constantemente observada.

A mescla de usos (comércio/serviço/institucional aliado ao residencial) permite que haja vitalidade no espaço urbano: pessoas circulando no mesmo espaço com horários e objetivos diferentes. Jacobs e Pesci ficariam orgulhosos.

Os edifícios são estruturados de modo que crie-se uma identidade do local. Todos os já edificados são revestidos com aparência de tijolo cerâmico. Oras, ao chegar em Pedra Branca é fácil saber que se está ali, a leitura do bairro, que tanto dissertou Lynch, é imediata. Ainda, há marquises nos edifícios, o que permite sombreamento no passeio e proteção para a chuva. Mais um ponto para o pedestre. (Marquises e versatilidade na cidade. Pessoas usufruindo do espaço público. Fonte da imagem: http://passeiopedrabranca.com.br/)

Os apartamentos têm uma oscilação grande de tamanhos e, portanto, de valores. Isso permite que pessoas com mais possibilidades financeiras convivam com pessoas com menos possibilidades financeiras. Esse convívio vai muito além do âmbito econômico, visto que há que considerar-se que possivelmente esses indivíduos freqüentam lugares diferentes, estudaram em escolas diferentes, tem trabalhos diferentes, ou seja, a interação com pessoas com outras experiências de vida é proposta e é a partir do diferente que se constrói empatia e desenvolve-se interesse. Interesse, inclusive, de olhar além do próprio umbigo e ser solícito com os demais.

As propostas, carregadas de embasamento teórico, parecem que alcançam seu objetivo, muito embora os espaços percorridos pelos alunos sejam ainda um tanto artificiais. Lembra algo como “Um Show de Truman”. Isso deve acontecer por dois fatores fundamentais: o primeiro porque, de fato, a cidade não está pronta, não há pessoas suficiente morando, trabalhando e circulando por lá, não há espontaneidade. Tudo parece um pouco ensaiado e entediante; o segundo porque mesmo que Pedra Branca seja aberto para qualquer pessoa e não restrinja a circulação de indivíduos, a impressão que se tem é que se está em um condomínio gigante, plasticamente perfeito e cansativo. O tempo poderá dizer se Pedra Branca será tudo o que promete ser, aquilo que (muito que provavelmente) todo estudante de Arquitetura e Urbanismo desejou ter projetado.

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​Copyright © 2025 Clarissa Ganzer | Jornalista (0014438/RS) e arquiteta e urbanista (A147507-0/RS); DRT (0010994/SC). Todos os direitos reservados.

 

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