Viagem
- Clarissa Ganzer

- 27 de jan. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 25 de fev. de 2021
27.1.2020 Julia e Antônio . Ambientação: ônibus de viagem interestadual. Julia está sentada na poltrona do corredor. Poltrona da janela está vazia. Antônio (parado ao lado de Julia, que está sentada): Moça, moça... Julia: Ah... (levanta para ele passar e sentar-se na poltrona da janela).
Pensamento da Julia: Ai, meu Deus, já começamos assim, ô coleguinha... Se você quer passar, ficar se remexendo, fazendo a dança do acasalamento aqui do meu lado não é sinal de que eu devo me levantar para você passar. Por que não abre a porra da boca e fala, com clareza: “com licença”. Depois agradece. Viu como é fácil?... Puta que o pariu... A (desce o encosto para os cotovelos e coloca mais da metade do braço para o lado onde Julia está sentada). Pensamento de Julia: Aaaaaaaaaaaa. Cara, vou te explicar uma coisa, sabe esse suporte que divide os bancos e que, aparentemente, tem como objetivo servir de apoio para os cotovelos? Não, na verdade, ele está aqui não é para encosto. Ele funciona como um muro imaginário, alertando que do outro lado há um ser, neste caso, eu, e que é muito desconfortável viajar com o seu cotovelo nas minhas costelas. Não é para tocar harpa. Aceite isso, meu senhor. J (pega um chicle na sua bolsa). A (fica olhando para o chicle, tão desejado). J: Hehehe, quer um?
A: Quero! (e pega) Pensamento de J: Vai tomar no olho do seu cu... E nem agradeceu, esse boçal... Olha, eu ofereci só para não se sentir tão mesquinha. Não era para você ter aceitado... Luis (motorista): Parada de 20 minutos para janta. J: Vai descer? A: Vou aproveitar que o ônibus parou para usar o banheiro... J (levanta-se para ele passar) Pensamento de J: Que bom, pelo menos não é daqueles que usa o banheiro do ônibus pra cagar....
(A vai em direção ao banheiro do bus) Pensamento de J: Nãããããão! Porra!
------ J (com as mãos no nariz) A (come salgadinho enquanto escuta música com o celular sem fone). Pensamento de J: Porra, merda, puta que pariu. Vai toma no cu. Seu merda. Abaixa essa porra. Tá ficando surdo, meu senhor... E esse salgadinho não acaba nunca... Que fedor. Devia ser proibido vender isso na rodoviária. Por isso que o Brasil não vai para frente.
* A cara da Julia é sempre serena, sorriso amarelo, enquanto nos pensamentos está muito incomodada. Ambos estão bem vestidos, arrumados.
FIM









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